Pois bem, a minha vida, mesmo sendo vivida de forma bastante racional, nos últimos tempos tem sido experimentada por essa outra face de mim, que a intitulei de Tereza. Agora quem vive não é somente a Suellen, é a Suellen Tereza!
Tereza é meu segundo nome. Ainda tenho mais um antes do sobrenome, Matilde. Minha mãe me deu os nomes de minhas duas avós, e com isso sou um mosaico. Trago em mim as raízes de minha ancestralidade, a história de gerações que compuseram vidas. Confesso que já odiei meus pais por isso! Fui uma daquelas crianças que nunca entendeu porque os pais tinham homenageado seus afetos atribuindo a terceiros o peso dessa homenagem. Coisa de criança!
Hoje, no auge de meus 30 anos, quando percebo-me somando e constituindo-me, a Tereza que era só o nome de minha vó e só um substantivo próprio do meu nome completo, passa ser a marca, a existência de um novo eu. Tereza tem essência: a de viver o lado irracional da vida.
Segundo o grande mago Google, Tereza significa "natural de Tera", onde Tera é o nome de uma ilha grega antiga que deriva do grego Ther, que significa "animal selvagem"
E a Suellen Tereza tem se aventurado por caminhos inusitados, tem rompido com o pragmático, com o supérfluo e experimentado a solidão de uma vida irracional.
Nunca me senti tão realizada como tenho me sentido! Desafios, aventuras, perigos, enfrentamentos... Essa ousadia de viver o que tiver que ser sem se perguntar "por que" tem me dado cor e dor, mas acima de tudo amor!
Amor para comigo... É tanto amor, que chega vazar pelos meus olhos...
Quanto amor preso, acorrentado e submerso em meus calabouços!
Hoje, cada lágrima que se liberta e rompe as celas dos meus olhos é uma pedaço de mim que se emancipa.
Não sou hipócrita em dizer que só tenho chorado de alegria, pois dores dilacerantes tem sido o maior responsável por essa libertação, mas como diz o poeta: "é ferida que doí, e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer."Contudo, mesmo diante dessa oportunidade linda de viver, não obstante, me pego olhando para mim e me repreendendo, me exigindo sensatez e lucidez. Como se toda essa carga da Tereza fosse loucura, irresponsabilidade, estupidez.. Como se toda essa sensibilidade fosse pieguice... E aí, minhas pálpebras, como carcereiro algoz, encerra qualquer oportunidade de libertação, e vou amargando o amor...Que não raro, explode com revolta, como ódio, como desabafo!
Pobre de mim e pobre de nós! Sufocamos nossa sensibilidade em detrimento da razão, nos omitimos para não ganharmos esteriótipo de louco, piegas, descompensado, exagerado, infantil!
Ora, precisamos ser adultos! Aqueles adultos que o aviador cita no Pequeno Príncipe: adultos que adoram números, que identificam os amigos pela idade, pela quantidade de irmãos, por quanto pesa, por onde mora, por qual empresa trabalha, por quanto ganha, por qual é a sua profissão...
Se vocês dizem a um deles: "Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, com grânitos nas janelas e pombos no telhado" ele não é capaz de fazer uma ideia dessa casa. É preciso dizer a ele: "Vi uma casa que custa uma fortuna!" Então ele se interessa: "Poxa, dever ser maravilhosa!" Portanto, se dissermos aos adultos: "A prova de que o pequeno príncipe existe é que era encantador, dava boas risadas e me pediu um carneiro. Quando alguém deseja ter um carneiro é a prova de que a pessoa existe", os adultos vão nos encarar com indiferença e dirão que isso é coisa de criança! Mas se dissermos: "Ele veio do planeta Asteroide B612", então acreditarão, e não vão mais nos chatear com outras perguntas. Eles são assim mesmo. Nem por isso devemos lhes querer mal. As crianças precisam ter muita paciência com os adultos. Mas, para nós, que compreendemos a vida, os números não têm tanta importância!
O Pequeno Príncipe, capitulo 4
Acho que não são somente as crianças precisam ter paciência conosco, mais do que qualquer outra criatura, nós mesmos precisamos de uma grande dose de paciência e ternura para com nossa paupérrima racionalidade.
"Nós, que compreendemos a Vida!!!"
Segundo Saint - Exupery, para compreender a vida é preciso "fazer ideia" de uma casa pela sua descrição: "é feita de tijolos cor-de-rosa, com granitos nas janelas e pombos no telhado".
Ou seja, mais do que entender a vida é preciso imaginar! É preciso sensibilidade para entender o amor através da descrição do que é estar amando, é preciso entender a vida pela descrição de quem a vive, a dor pela descrição de quem a sofre...
Entender-se por sua própria descrição de si mesmo, por sua própria loucura, pelas lágrimas que liberta, pelos sorrisos que distribui, pelos sonhos que cultiva...
Compreendemos a vida quando deixamos de buscar o por que do choro, da tristeza, da morte, da riqueza ou da pobreza, e passamos ao simples processo de vive-la... Chorando todas as vezes que for preciso chorar, surtando todas as vezes que for preciso surtar, gritando todas as vezes que for preciso gritar, evocando o nosso lado infantil para nos salvar do frio, rígido e cruel racionalismo que insiste em nos condicionar em "adultos" desalmados.
E por isso me apodero da seguinte citação: "Os que com lágrimas semeiam com alegria ceifarão"
E assim eu sigo...
Entre racional e irracional, trilhando o meu caminho, certa de que já ceifo inúmeras alegrias, e a maior delas... Minha alma!
essa é realmente uma vida em evolução!...
ResponderExcluirLindo Su, que nossas janelas da alma possam lavar-se rotineiramente por elas, lágrimas de alegrias, de tristezas, de vivências!
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