sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Sofrimento... Será?

Demorei a aparecer... Não estava muita certa e convicta do que escrever. Na verdade confesso que não estava muito certa e convicta de mim mesma... 
(Uma puxada de ar bem funda) 

E mediante a essa sensação de estar confusa, tive o insight... Isso precisa vir  pra cá, afinal isso se chama DIÁRIO DE UMA VIDA EM EVOLUÇÃO  e tem a finalidade de compartilhar minhas alegrias, reflexões, devaneios, dores, tristezas... Em fim, tudo o que uma vida precisa para evoluir.  

O meu querido Iniciador/Ídolo (Carl Gustav Jung) comenta em um dos seus escritos o seguinte: "Só o médico ferido cura, e mesmo ele, em ultima análise, não pode curar além do que curou a si mesmo" 
Bonito né?
O momento que tenho vivido me leva a crer que além de me fornecer matéria prima, afinal, poeta machucado é que faz belas composições,  terei bagagem para o momento que a Psicologia me reconhecer como responsável para atuar. Isso me move a me encharcar do atual momento de dor. 
Não, não quero seus pêsames... Fique tranquilo! Eu não viria até aqui para me imolar. É contraditório, eu sei, mas fique certo...Estou em PAZ.
É engraçado, nunca entendia muito bem como aqueles mártires da Era Cristã (apóstolos e discípulos)  podiam dizer encontrar a paz em meio ao sofrimento. Talvez a forma que fui apresentada a essas histórias é que não me permitiam compreender, ou ainda não era o momento de tal compreensão. Não sei a você, mas a mim me contavam (escola, catequese, igreja) que o sofrimento era o nosso passaporte para o céu, eu sentia arrepios. Viver para sofrer? Que coisa mais sem cabimento. Com uma vida tão convidativa para celebrar porque sofrer seria o passaporte? 

Que bom que os questionamentos sempre me acompanharam. Eram eles, e até hoje são, os questionamentos que puxam minhas vivências. São como cavalos selvagens, quase sempre desgovernados, puxando uma carroça. 
Foi refletindo e escarafunchando que cheguei ao entendimento daqueles mártires. Quem disse que a verdade existe porque ela é falsidade está corretíssimo. Foi duvidando  que cheguei até aqui! 
Inclusive, deixo uma citação de Neidson Rodrigues (Filósofo e Educador) que vem a calhar;
"Não aceite verdades acabadas. Não dê adesão ao primeiro palavreador de falas estranhas. Não aceite ser submisso porque a lei assim estabelece. Não pise apenas em terreno que alguém limpou para você passar. Examine se esse alguém não quer assim direcionar o seu caminhar. Não atente apenas para a voz que clama, porque ela pode estar querendo desviar o seu caminho. Não tema escalar montanhas, porque se é arriscado e difícil subir as encostas, os vales também estão repletos de lodo e serpentes. Coma do pão que conseguir amassar, a carne que puder cozer, a água que puder recolher. Acostume a deitar na cama que você mesmo preparar, a habitar a casa que levantar, a ler a palavra que escrever, a ouvir a musica que produzir, a se entregar a mulher que conquistou. Assim, meus filho, você poderá se  conhecer a si mesmo. Poderá dominar as estranhas forças que procuraram criar amarras e limitações mesquinhas. Laços que você não merece." 

Estou vivendo um momento de transição considerável... Tudo o que construí até aqui, que achava ser concreto e durável para sempre, vejo pelas minhas próprias mãos ser colocado de lado. Eu levei quase 12 anos construindo um projeto, uma profissão, credibilidade...E vejo nas minhas atitudes, na minha fadiga em estar presente nesse meio que o tempo para isso passou. 
Eu me questiono a respeito, me torturo e reflito... Mas essa dor de fazer o que já não quero mais fazer só me reforça que é tempo de partir. 
Sabe o que é mais duro? 
Não há amanhecer sem um longa noite, não há primavera sem um árduo inverno. Pra tudo é preciso tempo e paciência. Ou seja, estou saindo de uma casa, onde eu ajudei a erguer (meu trabalho, meu escritório, minha posição ) para ser uma andarilha sem residencia fixa (estudante de psicologia e projetista de ilusões). Sim, porque até que a minha nova casa seja habitável será preciso dormir ao relento, fazer calos nas mãos, ter os pés fincados na terra. 
Cheguei de mansinho. Ao passo que fui sondando e fuçando esse novo caminho era como se tivesse descoberto dentro de mim um terreno muito bom para construir uma nova morada. Era como se esse terreno sempre estivesse aqui dentro, porém abandonado por mim. Encontrei muito trabalho, limpar, capinar, arrancar as ervas daninhas, virar a terra e tanto mais... Quanta alegria! Mas o momento que chega é o de concentrar forçar para assentar o alicerce do meu novo habitat. Não dá mais para morar em dois lugares.
É com dor no coração que me despeço do meu querido lar que até o momento me aqueceu, me aconchegou e me maturou para ir de encontro a um pedaço de terra que só tem o espaço vazio para me ofertar, espaço esse que caberá a mim preencher, construir e personificar. 
A você que me lê; Só peço... "Não me interprete se não me entende"


Medo? Não! Estou tomada por um negocinho chamado "Entusiamo".  A etimologia dessa palavra se encontra no grego - "in theus" -, isto é ter Deus dentro, ter tônus vital, energia. 
Mesmo com todas as adversidades que terei, a dor da despedida que sinto, a perda do conforto, estar tomada por essa divindade  me dá  paz... Me dá a certeza que sofrimento é aquilo a que se fica acorrentado, preso, submetido à... Logo, não sofro. Porque estou tendo a oportunidade de ser livre, solta e entregue como há tanto já desejei.
Por fora minha expressão pode até demostrar dor e uma leve tristeza, afinal, não sou um ser tão iluminado ao ponto de não sentir apego pelas coisas, mas por dentro nunca estive tão disposta e entusiasmada.

Só quem sabe a dor de uma despedida pode compreender a alegria de uma chegada!
"Então a dor da contradição se transforma no mistério do paradoxo"


Sabe, no dia 31/12/2014 eu plantei essas florzinhas aqui...




Fiz com tanto esmero e entusiasmo que acho que elas sentiram. As flores que estão abrindo e as cores que estão ofertando falam muito mais do que qualquer poesia. Uma coisa que é passível de pontuar é que o plantar delas foi uma ação solitária, já a colheita está sendo congregada. Essas gracinhas não enfeitam apenas aos meus olhos, e sim o de todos que tem olhos capazes de ver, pois estão na frente da minha casa. Todos podem colher sua beleza. 
Isso me faz refletir perante o meu momento confessado. 

A expectativa que me ronda é que eu possa render alguma espécie de fortúnio após essa labuta, e que de projetista de ilusões eu passa ser promovida à auxiliar de andarilhos. 











3 comentários:

  1. Ahh é triste a despedida, como não se apegar a algo com que sonhamos, desejamos e por fim depois de muita luta, vemos o sonho realizado.
    Essa fase ficou no passado, e hoje se abre novas portas, e sei que como no seu escritório você sua parte, agora nessa nova fase você fará tão bem quanto já fez no passado. Fico imensamente feliz por você suellen, por estar seguindo seu coração e realizando seus sonhos você merece!!!

    ResponderExcluir
  2. Muito bom Suellen! Seu texto, sua fase, sua coragem. Parabéns!

    ResponderExcluir