Já passei da fase de achar que eu não sou normal, quer dizer, ainda tenho recaídas... kkkk
Eu tenho umas vontades loucas de exteriorizar em palavras coisas que nem eu sei o que é, mas a vontade está lá, chega a me tirar a paz, me traz uma certa aflição, como se eu estive em atraso com algum trabalho tendo hora e dia para entrega.
Aí, tento buscar inspiração, intuição, para tentar desvendar o que o meu lado oculto quer escrever, fico quietinha, introspectiva, ao ponto de me irritar comigo mesmo, pois tem horas que sinto que estou chata, mas mesmo que eu tente sair da introspecção, algo me segura no casulo, dizendo... Ainda não está no tempo! E de repente os sinais...
Leio uma postagem no face aqui, outra acolá, escuto conversas de companheiros, diálogos de afetos sagrados, leio o que estou sentindo, observo minhas atitudes... e pluft, o tema sugi, e será SOLIDÃO!!
Essa semana diante da minha introspecção forçada por mim mesmo me peguei num seguinte dialogo com o meu marido, onde era mais ou menos assim...
Marido: O que foi amor? Porque está com essa cara? "Meio assim"....
Eu: Nada, estou assim porque vc tbm está "meio assim"...
Marido: Ahhh meu bem, estou cansado..
Eu: Pois é, tbm estou cansada...
"Meio assim" quem nunca viveu essa emoção?! hahaha. Nós somos bom nessa coisa de neologismo...
Pois bem, ficar "meio assim" é quando estamos com aquela cara de cachorro pedinte, desejosos de algo, seja de descanso, de dinheiro, de carinho, ou de um simples abraço...E neste momento, a perigosa solidão nos ronda, louca para nos acorrentar em sua correntes frias.
Quando ficamos "meio assim", o erro mais grave que cometemos é querer que o outro num ato sobrenatural de adivinhação consiga ler em nossos recônditos o que queremos. Tente sentir o tamanho da complexidade da situação, muitas vezes nem nós sabemos o que queremos de fato, mas ficamos indignados porque o outro não adivinhou, é mole?! E aqui, neste ponto exato nos emburramos, nos isolamos, nos vitimamos e nos damos de bandeja para a solidão.
E isso não é particularidade de relacionamento conjugal, em todos os relacionamentos isso acontece. Desejamos que o chefe perceba que estamos num mal dia e alivie a nossa carga, desejamos que a mãe perceba nossa vontade de comer aquela comidinha e nos convide para um almoço inesperado, desejamos que o amigo perceba nossa necessidade de conversar e arquitete um café ou um happy hour, desejamos que o mundo pare, porque hoje precisamos de um respiro...
Mas e porque não falar?? Porque queremos ser surpreendidos, tem que haver a magia da homenagem, queremos ser homenageados.
Homenageados?? Sim. Ora, por todas as coisas que fazemos, por todos os serviços que prestamos, por todo o carinho que damos, pelo amor que distribuímos...Hãm??
Pasmem, mas a Solidão nos abraça porque caímos na cilada de dar e receber. Queremos sim receber com juros e correções tudo aquilo que damos, muitas vezes é num ato inconsciente, mas é esse inconsciente que nos arma a tal cilada e nos faz ficar "meio assim".
E depois de se fazer refém dessa Solidão, o preço do resgate é um tanto alto...
Vinicius de Moraes deixou uma escrita linda sob o titulo "Da solidão" onde ele cita o seguinte;
"Não, a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser
que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar
da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no
absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de
amor, de amizade, de socorro. O maior solitário é o que tem medo de
amar, o que tem medo de ferir e de ferir-se, o ser casto da mulher, do
amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo
reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o
reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as que
são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia
pedras do alto da sua fria e desolada torre."
A maior solidão é a do ser que NÃO AMA. Se queremos recompensas, reconhecimento, será que realmente estamos distribuindo AMOR? (Digo AMOR no intuito de resumir todos os demais adjetivos)
Ao invés de esperar em nossos tronos inconscientes vamos descer do mesmo e dar aquilo o que estamos sentido falta. Se sentimos necessidade de um abraço, demos um abraço, se sentimos falta de um elogio, elogiemos, se sentimos falta de uma compreensão sejamos nós compreensivos...
Fácil? Não é... Mas posso garantir que é gratificante!
Não sejamos nós os que semearam pedras do alto de uma torre fria e desolada...
Ao invés de sermos SOLITÁRIOS vamos ser SOLIDÁRIOS...
Eu acho que a Solidariedade vem de dentro da alma, não adianta vc dar só porq a sociedade pede ou vc acha que vai ter retornos por isso, mas o bom seria vc doar sem receber, ai sim estará fazendo o bem, enorme que mesmo que vc não queira isso vai voltar em energias positivas para sua vida....Bjss.
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