Dia 20 de julho é um dia dedicado para celebrar as amizades e os grandes amigos. Eu, como uma boa rebelde - quase sem causa- não me atento muito a essas datas especificas de comemoração. Sou mais adepta dos instantes, dos momentos, das riquezas diárias, o que faz de mim uma romântica profunda e quase sempre "piegas". Meus amigos até podem testemunhar sobre isso...
Mas hoje me senti envolvida com a comemoração e até empenhada em me juntar a festa das redes sociais. Contudo, antes de qualquer demostração midiática aos meus amigos me peguei namorando cada um deles em meus pensamentos e coração. Pensando em suas qualidades e características únicas, nas suas particularidades irrepetíveis, nas suas formas que se adaptam e se encaixam tão naturalmente às minhas. Me peguei pensando onde os conhecerá...Quando nos encontramos pela primeira vez... Que fato ou momento nos colocou tão juntos e tão conectados...
Neste ato me senti tão rica e tão afortunada que desejei fazer a eles um envio de algo sagrado. Isso, uma transmissão de pensamento, o emanar de energias de amor, uma declaração de alma, uma oração.
E foi nesse instante que algo tão mágico e acalentador me invadiu a mente. Eu também precisava fazer essa homenagem a alguns amigos muitos especias: aos meus amigos imaginários. Pasmem, eu os tenho!
Eu me lembrei que quando criança eu tinha uma amiga imaginária que eu a chamava de Menina. A Menina me acompanhou por um bom tempo. Com ela eu trocava altas ideias, filosofava até. Hoje eu sei que aquilo era brincar de existencialismo. Lembro das meus desabafos a ela, das vezes que disse que estava triste sem ter motivo. Lembro que eu dialogava com ela como se ela estivesse me respondendo. E estava, mas era eu que fazia sua locução. Era ela usando de minha voz para ter espaço.
A Menina foi embora, mas nunca mais fiquei sozinha. Sempre conversei comigo mesma e sempre travei diálogos extensos e profundos acerca de minhas inquietações, angustias, medos e euforias.
Têm também os cadernos, os diários... Quer dizer, até hoje os tenho. Amigos que sempre me receberam de portas abertas. Ou melhor, de páginas abertas. Depois que ouvi a musica "caderno" do Toquinho, tive certeza que eles eram vivos e meus fieis companheiros.
Pois bem, mas a aventura de amigos fantásticos estava só começando...
Quando fiz minha formação de contadora de histórias e travei um diálogo com uma bonequinha que se chamava Ancestralina, pronto! As portas da fantasia foram escancaradas! De lá para cá, fico atenta a bonecas e personagens inanimados que me convidam para uma proza. É assim, lá estou eu andando pela feirinha e de repente eles me convocam e me escolhem como amiga, e, então, passam a morar nas prateleiras do meu cantinho amado. Isso quando não vem para o lado da minha cama.
Sou uma mulher de 32 anos que, de vez em quando, dorme agarrada com bonecas. Espera, não com bonecas, mas sim representações e símbolos de mim. Partes de mim que estou a conhecer, a me relacionar, a me ouvir.
A Graciosa foi a primeiraboneca , hoje eu tenho o Alfredo, a Masu, a Astrid, o Salamão, a Maria, a Ana Luz e a Margateth. Espero que não esteja esquecendo de ninguém... Alguns vieram a mim por intermédios de pessoas muito especiais, foram verdadeiros presentes. Aliás, adoro ganhar essas companhias. Fica a dica! rsrsrs
Cada um tem um perfil, características, peculiaridades, e, assim como meus amigos humanos, entraram em minha vida em momentos específicos e especiais. Transformaram o trivial em significativo e marcaram minha vida com um negocinho chamado: encontro.
Preciso ainda citar os tantos outros que não se materializaram em bonecos, mas que habitam meu mundo interno: Filip, Joana, Carmem, Athena, Raposas,.. Também com eles houveram encontros lindos permeados de emoção e muitas vezes de dor. Mas, são meus amigos e como bons amigos estão sempre ao meu lado. Quer dizer, sempre dentro de mim, me guiando e me dando vozes diretivas e sábias. São minhas vozes internas.
O interessante foi que; em meio a essa divagação toda me dei conta de que eles são mesmos meus amigos fiéis, já eu com eles... deixo a desejar. Pois, nem sempre silencio para escuta-los, nem sempre sigo seus conselhos, nem sempre confio neles, nem sempre acredito neles... Vários são os períodos que os abandono às margens de mim.
Tá aí, esse 20 de julho traz mais do que uma comemoração da amizade, me traz os seguintes questionamentos: Como está sua amizade consigo mesmo? Tem sido digna dos que habitam seu interior? Tem sido humilde em escutar-se?
E foi então, após todo esse inventário de vida e de existência, que tive a certeza, mais que certa,que amizade é coisa linda, pura e mágica. E que ter amigos, sejam os de carne e osso, de magia e fantasia, de pêlo e focinho, é uma das coisas mais sagradas da condição humana. Termos a capacidade de cativar e sermos cativados nos mostra quão profundos e belos podemos ser! Afinal, nos tornamos eternamente responsáveis pelo que cativamos né!?
Só digo isso que Clarice "já me disse": "Amizade é matéria de salvação."
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