quinta-feira, 27 de julho de 2017

Jung e Eu, encontros e confirmações.

Estava eu retomando um livro de cabeceira que se chama "Carl Jung - Curador ferido de almas" da Claire Dunne, quando me deparei com um fragmento que ela traz, inclusive, referenciando vários trechos que o próprio Jung descreveu, que me causou espanto e boas doses de insights...

É interessante que eu já tinha entrado em contato com esse fragmento da vida de Jung quando li Memórias, Sonhos e Reflexões (MSR), que por sinal, é meu livro de cabeceira também. 
Impactada pela emoção que me correu o corpo e os pesamentos diante do que Dunne apresentava fui correndo ao MSR encontrar o trecho e beber na fonte... E estava lá, sublinhado, circulado, marcado... Porém, só agora fazia todo o sentido do mundo. 

Do que se trata esse trecho? Vamos lá.. Vou discorrer resumidamente...

Com 69 anos (1944) o velhinho danado teve um enfarto cardíaco que o deixou vários semanas internado e em experiência de quase morte. Ele relata com preciosidade as visões que teve nesse período. Mas, como não era sua hora recuperou as forças e viveu ainda por mais 17 anos. Segundo o Jung, foi depois dessa experiência que tempos de grande produtividade se iniciaram. Ele relata que muitas de suas principais obras surgiram depois desse episódio de sua vida. 

E foi diante disso que algo me iscou com tamanha força que me impedia de virar as páginas e seguir a leitura. Eu fiquei parada diante dos dois livros matutando: Com quase 70 anos de vida e o cara diz que foi aí o período de maior produtividade. Com quase 70 anos de experiências, ele (re)encontra vigor e disposição para concluir algo, que segundo ele, somente após essa vivencia  de transcendência o fortaleceu de coragem e aceitação incondicional para assumir seu Ser e sua existência. Ou seja, quando ele já poderia ficar tranquilo e sossegado com toda a reputação que já tinha construído em todos esses anos de vida, ele se aceita e aceita o seu destino de continuar o que tiver de ser sem se preocupar com julgamentos e valorações. 
É ou não é o Cara??

Ele descreve que foi nesse momento que ele se colocou a produzir e a escrever o que sempre o perturbou sem melindres e  resistências, entendendo que " a existência das ideias é mais importante do que seu julgamento subjetivo". Contudo, como homem sensato e que sempre buscou a integração e a totalidade da psique, adverte que os julgamentos não devem ser reprimidos ou rechaçados, mas sim que devem perder seu caráter constrangedor e castrador das ideias originais. 

Por que eu fiquei tão fortemente mexida com essa passagem?    

Porque o que Jung descobriu com 70 anos eu vivo na minha terceira década. 
Eu tenho vivido exatamente esse imperativo...

  • Se deixe guiar por sua intuição
  • Se transforme para deixar agir o livre fluxo das ideias e do destino
  • Aceite e acolha incondicionalmente seu Ser e sua existência
  • Coloque a margem o peso do julgamentos, especialmente os meus próprios.
  • Aceite seu destino.  



Pode parecer prepotência ou soberba... Como assim o "cara"  leva 70 anos para vivenciar tal profundidade e a mocinha chega aí e diz que está a experimentar tal vivência? 

Como bem descrito acima, coloco o julgamento a margem e me concentro no insight puro e cru. 
Ter me deparado com essa passagem, daquele a quem autorizo me ensinar, fez despertar em mim a responsabilidade do conhecimento que se delineia e amplia minha consciência.  
Me senti "obrigada" e designada colher, acolher e abraçar tal momento que vivencio com honra e destreza. Isto é, se haviam dúvidas, medos, receios e insegurança, é hora de se prontificar e ACEITAR. É ser digna e leal com aquele que aceitou seu destino em deixar um legado aos seus descendentes. 

Não se trata de seguir a cartilha do mestre e sim de aprender com os acertos, permitindo assim acelerar o processo que já está em curso. Pois,daqui em diante que eu possa cometer erros novos e com isso trajetórias novas. 
Seria um desrespeito levar 70 anos  para simplesmente testemunhar que Jung estava certo. Que aos meus 70 anos eu possa ter coisas inéditas para contar o que aprendi com a vida, a exemplo daquele que por hora me inspira.  

E desta forma eu encerro com suas palavras:

Mas quando seguimos o caminho da individuação, quando vivemos nossa vida, é preciso aceitar o erro, sem o qual a vida não será completa: nada nos garante - em nenhum instante - que não possamos cair em erro ou em um perigo mortal. Pensamos talvez que haja um caminho seguro; ora, esse seria o caminho dos mortos. Então nada mais acontece e em caso algum ocorre o que é exato. Quem segue o caminho seguro está como que morto. 

Fontes: DUNNE, Claire. Carl Jung - Curador ferido de Almas. São Paulo: Alaúde Editora, 2012.
             JUNG, C.G. Memórias, Sonhos e Reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
  



quinta-feira, 20 de julho de 2017

Amigos: dos reais aos imaginários.

Dia 20 de julho é um dia dedicado para celebrar as amizades e os grandes amigos. Eu, como uma boa rebelde - quase sem causa- não me atento muito a essas datas especificas de comemoração. Sou mais adepta dos instantes, dos momentos, das riquezas diárias, o que faz de mim uma romântica profunda e quase sempre "piegas". Meus amigos até podem testemunhar sobre isso...
Mas hoje me senti envolvida com a comemoração e até empenhada em me juntar a festa das redes sociais. Contudo, antes de qualquer demostração midiática  aos meus amigos me peguei namorando cada um deles em meus pensamentos e coração. Pensando em suas qualidades e características únicas, nas suas particularidades irrepetíveis, nas suas formas que se adaptam e se encaixam tão naturalmente às minhas. Me peguei pensando onde os conhecerá...Quando nos encontramos pela primeira vez... Que fato ou momento nos colocou tão juntos e tão conectados...
Neste ato me senti tão rica e tão afortunada que desejei fazer a eles um envio de algo sagrado. Isso, uma transmissão de pensamento, o emanar de energias de amor, uma declaração de alma, uma oração. 
E foi nesse instante que algo tão mágico e acalentador me invadiu a mente. Eu também precisava fazer essa homenagem a alguns amigos muitos especias: aos meus amigos imaginários. Pasmem, eu os tenho!




Eu me lembrei que quando criança eu tinha uma amiga imaginária que eu a chamava de Menina. A Menina me acompanhou por um bom tempo. Com ela eu trocava altas ideias, filosofava até. Hoje eu sei que aquilo era brincar de existencialismo. Lembro das meus desabafos a ela, das vezes que disse que estava triste sem ter motivo. Lembro que eu dialogava com ela como se ela estivesse me respondendo. E estava, mas era eu que fazia sua locução. Era ela usando de minha voz para ter espaço. 
A Menina foi embora, mas nunca mais fiquei sozinha. Sempre conversei comigo mesma e sempre travei diálogos extensos e profundos acerca de minhas inquietações, angustias, medos e euforias.
Têm também os cadernos, os diários... Quer dizer, até hoje os tenho. Amigos que sempre me receberam de portas abertas. Ou melhor, de páginas abertas. Depois que ouvi a musica "caderno" do Toquinho, tive certeza que eles eram vivos e meus fieis companheiros.
Pois bem, mas a aventura de amigos fantásticos estava só começando...
Quando fiz minha formação de contadora de histórias e travei um diálogo com uma bonequinha que se chamava Ancestralina, pronto! As portas da fantasia foram escancaradas! De lá para cá, fico atenta a bonecas e personagens inanimados que me convidam para uma proza. É assim, lá estou eu andando pela feirinha e de repente eles me convocam e me escolhem como amiga, e, então, passam a morar nas prateleiras do meu cantinho amado. Isso quando não vem para o lado da minha cama. 
Sou uma mulher de 32 anos que, de vez em quando, dorme agarrada com bonecas. Espera, não com bonecas, mas sim representações e símbolos de mim. Partes de mim que estou a conhecer, a me relacionar, a me ouvir.
A Graciosa foi a primeiraboneca , hoje eu tenho o Alfredo, a Masu, a Astrid, o Salamão, a Maria, a Ana Luz e a Margateth. Espero que não esteja esquecendo de ninguém... Alguns vieram a mim por intermédios de pessoas muito especiais, foram verdadeiros presentes. Aliás, adoro ganhar essas companhias. Fica a dica! rsrsrs
Cada um tem um perfil, características, peculiaridades, e, assim como meus amigos humanos, entraram em minha vida em momentos específicos e especiais. Transformaram o trivial em significativo e marcaram minha vida com um negocinho chamado: encontro.

Preciso ainda citar os tantos outros que não se materializaram em bonecos, mas que habitam meu mundo interno: Filip, Joana, Carmem, Athena, Raposas,.. Também com eles houveram encontros lindos permeados de emoção e muitas vezes de dor. Mas, são meus amigos e como bons amigos estão sempre ao meu lado. Quer dizer, sempre dentro de mim, me guiando e me dando vozes diretivas e sábias. São minhas vozes internas.

O interessante foi que; em meio a essa divagação toda me dei conta de que eles são mesmos meus amigos fiéis, já eu com eles... deixo a desejar. Pois, nem sempre silencio para escuta-los, nem sempre sigo seus conselhos, nem sempre confio neles, nem sempre acredito neles... Vários são os períodos que os abandono às margens de mim.
Tá aí, esse 20 de julho traz  mais do que uma comemoração da amizade, me traz os seguintes questionamentos: Como está sua amizade consigo mesmo? Tem sido digna dos que habitam seu interior? Tem sido humilde em escutar-se?

E foi então, após todo esse inventário de vida e de existência, que tive a certeza, mais que certa,que amizade é coisa linda, pura e mágica. E que ter amigos, sejam os de carne e osso, de magia e fantasia, de pêlo e focinho, é uma das coisas mais sagradas da condição humana. Termos a capacidade de cativar e sermos cativados nos mostra quão profundos e belos podemos ser! Afinal, nos tornamos eternamente responsáveis pelo que cativamos né!?





quinta-feira, 13 de julho de 2017

O poder dos sonhos, das fantasias e dos desejos... Só agora minha alma entende.


Cuidado com seus desejos! Seres mágicos podem ouvir e atendê-los. Estará preparado para que a realidade se faça baseado em sonhos? Terá estrutura para vivenciar ao invés de só sonhar?


Não se engane! Para que  um sonho se transforme em realidade você terá de se transformar. 
Somente agora eu entendo porque muitas vezes não passamos de um bando de loucos correndo atrás de fantasias e ilusões... É pelo simples fato de não termos coragem de nos modificar.
Temos o infantil entendimento de que devemos deixar a vida fluir e acontecer, de que o que tiver de ser assim será... Pobre de nós! Achamos que a natureza está aí para satisfazer nosso bel prazer.  
É com dor e até com raiva que descubro que desejos, fantasias, sonhos são formas naturais sim de nos mover, mas vão além disso.  São formas naturais de nos refazer, de nos modificar, de nos moldar e lapidar ao então, tão citado e quase idolatrado, fluxo natural do universo.

Para ser digno dessa vida fluídica é preciso se equacionar a ela. É preciso estar imersa e a mercê dela. É preciso aceitar as operações sem anestesias que ela nos opera.


Quando algo muito profundo e verdadeiro tocar a sua alma, te levar ao céu e ao mesmo te conduzir ao inferno, respire fundo... Você está tendo a oportunidade de expansão, crescimento, evolução. Você foi premiado!

Mas cuidado! Recado aos ingênuos e prepotentes: se foi tocado e persistir em manter-se o mesmo que sempre foi, com seus valores e ideais, com suas vontades egóicas e saberes cristalizados, com um ledo orgulho de sua personalidade, lamento informar que do inferno nunca mais sairá. 
Seus desejos e fantasias se intensificaram de tal forma, com tamanha proporção que você terá certeza que estará a enlouquecer. Chegará um ponto em que tentará fugir dessas sandices, como diabo foge da cruz. Chegará a odiar ter desejado, sonhado, imaginado... Você achará que é o  criador de tudo isso  e que por isso poderá tudo destruir, mas o que não sabe é que são eles (sonhos, ilusões e desejos) que o obtiveram e é eles que estão a te (re)criar. Fugir e negar é dar eles força sobrehumana.

Olhando bem e de forma carinhosa, é uma graça. Mas quando invadido e arrombado e tendo sua sanidade e paz perturbada, não há outra palavra que represente melhor senão a “desgraça”.



Eu sonhei, eu desejei, eu imaginei e o inferno eu conheci. Ninguém me avisou disso que agora eu os alerto. Ao contrário, me disseram que não há reconhecimento do AMOR sem a dor, e que eu deveria continuar  minha jornada no inferno. Pensando bem, acho que eu, na minha inflexível personalidade, posso ter interpretado de forma errado as tais falas...Vai saber!  Quando se recusa a mudança a gente consegue traduzir tudo o que nos vem conforme o entendimento que nos convém.
Sim, acredito que a passagem pelo inferno é salutar. Dor ensina amor. Pois, como bem lembra meu velhinho amando;




Mas escolher ficar lá por apego ao que é, ao medo de se transformar, à ignorância dos diversos fatores a nos influenciar... Isso é intransigência, é crueldade, é desamor.

Eu desejei fazer alma, eu desejei encontrar pessoas, eu desejei ter amores... Eu desejei ter relações profundas, eu sonhei e sonho ser a diferença... 
E...cheguei a me praguejar, a me sufocar, a me machucar por querer desfazer todos esses lampejos. Era dor demais sonhar e sonhar. Era dor demais ficar acorrentada em desejos, a habitar o inferno.
Eu não entendia que estava sendo cruel comigo.
Mas agora sim, agora vejo que eles são mais que minha oportunidade de realização, mais que meus diabos de estimação... Eles são o meu EU que ainda irei ser.

A vida apresenta necessidades para que você sonhe, deseje e imagine... E você deve respondê-la com uma decisão consciente: Aceita sonhar e se transformar para realizar ou prefere o descaso e a negligencia e logo a idealização fantasiosa e infernal?
Fico pensando e imaginando que quando o gênio da lâmpada saía depois que a mesma era esfregada certamente ele dizia: Você está consciente de que a partir desse instante para receber a realização de seus desejos terá de trilhar seu caminho interior?



Aceite sua designação. Se mediante as necessidades foram aqueles sonhos e fantasias que lhe falaram ao coração, foram aquelas pessoas que arrombaram sua razão.. Seja fiel a essas vozes e a essas doces ilusões. Se essas imagens te escolheram para te coabitar, certamente é porque você é capaz de ir onde nenhum outro poderá. Assuma esse compromisso contigo!
Tenha coragem para se modificar, se transformar e não voltar ao que era... Tenha coragem para escolher ser diferente! Tenha coragem de sonhar e seguir seus sonhos...
Eles te conduzirão para muito além da realização... Se tiver empenho eles te conduzirão para o seu EU Futuro.

Um desejo é a profecia do que irá se tornar! O acolha...