quarta-feira, 15 de outubro de 2014

MESTRE, QUEM?....

Caramba, levei um suto quando percebi que desde o mês de agosto não me permito estar aqui.
Esse cantinho é muito importante pra mim, ele surgiu com uma necessidade de transbordar coisas profundas. Eu na época me questionava dessa necessidade, afinal porque não fazer um diário, algo bem privativo e pessoal? (Por sinal, hoje tenho). Não sei, tinha que ter uma espécie de publicação, a necessidade de compartilhar, de deixar registrado em algum lugar, mesmo que ninguém visse...
Eu me julgava por isso, achava ser prepotência minha querer, de certa forma, transmitir ensinamentos. Eu? Ensinamentos? O que uma pirralha de vinte e poucos anos pode querer transmitir?Um algoz em mim insistia em dizer que eu não tinha esse direito, mas em contra partida uma espécie de outro ser dentro de mim chegava a me torturar me impulsionando a realizar algo que eu não entendia o porque.

Torturada por ambos os lados, me joguei nessa "empreitada". Alguns que estiverem lendo podem pensar; "Nossa, o que pode haver de tão importante no ato de ter um blog?"

Pois bem, imaginem vocês que desde os meus 5 anos o meu sonho de que quando crescesse seria ser professora. Levei esse sonho comigo até meados dos meus 17 anos quando os caminhos da minha vida mudaram. Bem, aí é outra história. Voltando aos 17 anos, queria fazer a graduação em Letras e então poder exercer como uma das tarefas profissionais a de lecionar língua portuguesa. Durante esse trajeto (entre sonho e a possibilidade de realiza-lo)  sempre estive um pouco enamorada com essa arte de lecionar. Fui catequista, e me realizava em preparar conteúdos para transmitir aos sábados, fui coordenadora de grupo jovens e também foi uma grande satisfação ser instrumento de novas tomadas de consciência junto daqueles que assim como eu queria despertar para a vida.
Na escola e colégio não perdia a oportunidade de estar a frente da turma para apresentar trabalhos, em quanto todos os meus colegas relutavam com a exigência dos professores eu me deliciava em ter que se preparar com o conteúdo para  levar aos que estariam lá pra escutar.

Se não bem analisado, contado assim, parece coisa de gente que gosta de se aparecer né?! kkk

Eu achava mesmo que eu excedia. Ouvia coisas como "carroça que faz muito barulho é vazia" e pensava: Será que essa não sou eu? Querer fazer tanto barulho não é sinônimo de estar oca por dentro?

De tanto me auto punir, apaguei o meu facho, abri mão do meu sonho e me condenei a silenciar. Foram anos tristes, porém nunca consegui sossegar por completa, ora ou outra era conduzida por essa força que insistia em fazer barulho, fosse em bate papo com os amigos, fosse numa reunião de trabalho, quando via já estava causando. Os feedbacks sempre foram positivos, as pessoas sempre me aconselhavam em procurara algo para exercer esse "dom" de causar. kkk
E sem que eu pudesse planejar algo, o fluxo da vida foi me apresentando circunstancia que puseram a resgatar o meu sonho infantil.

Desta forma, o blog foi a minha primeira ferramenta que de forma consciente a uso com um motivo especial... Transferir conhecimento! Não, a minha ideia não é dizer o que é certo e errado, ou tecer verdades... Já sofri muitos com pessoas que fizeram isso comigo. É horrível se sentir errônea comparados à outros,  abaixo da média, louca e etc... A minha ideia aqui e com futuros projetos é mostrar que todos somos errôneos. Esconder nossos erros debaixo do tapete ou disfarçar que somos perfeitos através de posturas ensinadas por regimes disciplinadores nos torna infelizes, superficiais e tão logo depressivos. A minha ideia é que todos, um dia, tenhamos a coragem de se espor, pois assim não existirá melhores ou piores, seremos todos iguais em busca de um objetivo, evolução. Por isso gosto de publicar minhas alegrias, minhas reflexões, minhas inquietações, minhas sombras...O objetivo é mostrar que todos padecemos e erramos e com isso somos livres para criar nossos próprios caminhos...  

Hoje, depois de 12 anos retornei ao banco da escola. A escolhida não foi letras e sim psicologia. Na verdade, como eu sempre digo, ela me escolheu.
Mas agora tudo fica mais claro... Não era necessidade de se aparecer, não era egocentrismo... Era o meu chamado que obstinamente, querendo eu ou não, me impulsionava.

Intuo que num futuro não muito distante estarei eu realizando o meu sonho de criança, e outros também que surgiram com o amadurecimento da minha consciência.

" Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina" Cora Carolina

Pra mim essa é a máxima do verdadeiro mestre.
Sem me dar conta, tudo o que eu sempre quis foi e é - transferir o que aprendi  e aprendo com a vida.

Hoje já não vejo essa minha atitude como absolutista. Ao perceber os tantos mestres e mestras que passaram pela minha vida, ao sentir gratidão por cada um deles, sinto orgulho de ser e querer conservar essa "algo" que tanto admirei naqueles que passaram por mim.
O que me faltava era aceitação, amor próprio e coragem!
***Os mestres que me refiro não são apenas aqueles que fazem mestrados, me refiro às tias, avos, pais, amigos, pessoas que nos surpreendem com suas sabedorias e as reparte conosco. 

Hoje em especial, por conta do dia 15/10, quero agradecer àqueles que exercitam sem pestanejar o Altruísmo, àqueles que colocam minúsculos carrapatos em nossa cabeça fazendo um coceira danada, coceira na inteligência, àqueles que nos mostram múltiplas alternativas ao invés de uma única resposta correta, àqueles que se esforçam para não serem apenas mestres em aplicar testes e provas, mas que nos ofertam suas experiências de longos períodos acadêmicos nos preparando para os saberes da vida...
Aos professores desde o jardim de infância, aos doutores da universidade.... Obrigada!
Essas figuras são e serão uma das fontes mais vivas de minha inspiração.