quinta-feira, 17 de abril de 2014

Passagem!

Eu quero falar de passagem!
Algumas coisas me levam a esse assunto. Estou com uma semana que fiz a passagem dos meus 28 para 29 anos. Estamos nos aproximando da Páscoa, data que aprendi ainda na escola, ser uma passagem. E por fim, estou acompanhando a passagem do meu estimado avô para o momento, tão sagrado quanto o nascimento, a morte.

Minha escolarização foi em escola de freiras e por isso durante os 8 anos que lá estudei tive como matéria ensino religioso.Como eu gostava dessas aulas! Não, não ensinavam sobre a fé ou como ter fé, lá eu aprendi a história do homem em busca desta tal "fé". Nessa matéria teve uma história que prendeu minha atenção e que eu particularmente gosto muito, é a de Moisés e do povo hebreu em busca da terra prometida. Eu me lembro da minha professora Irmã Luci dizendo que essa história tinha uma essência, a passagem da escravidão para a liberdade. A mesma essência que nos leva ao entendimento da Páscoa Cristã, passagem da morte para a vida eterna.
Todo o contexto me fascinava, a história de vida de Moisés, a sua revolta contra o sistema, sua fuga para o deserto, a voz que queimava como fogo em salsa, a negociação para alforriar o povo, a fuga, a chegada à margem do mar vermelho, a travessia, os 40 anos pela busca. Me fascinou durante algum tempo pelo romance, pela fantasia, pelo tom de milagre que ecoava em meu ouvido. Hoje me fascina pela busca, pela luta, pela esperança, pela história, pela coragem.
Quando me refiro à fantasia, faço essa referencia porque eu resumia essa história da seguinte forma: Um povo sofredor e oprimido, um líder, um Deus e pronto. 40 anos depois chega-se a Jerusalém! Eu não conseguia mensurar as dificuldades, as lutas, os medos, as derrotas que foi preciso experimentar para tal enredo. Mas hoje, ao sentir na pele, ou melhor, na alma, a energia de uma passagem, uma parte de minha consciência nasceu!

Mesmo sendo oprimida, escrava, mesmo sendo subordinada a um "alguém" ou a si mesmo, existe uma espécie de zona de conforto, existe segurança, certeza. O preço é alto a se pagar mas é mais alto ainda o preço da liberdade, pois não há garantias, não há um ponto fixo e palpável a se esmerar. Quando se decide por tal, é preciso sentir algo muito maior a motivar e a liderar, assim como a voz que como fogo queimava em salsa para Moisés, caso contrário, a passagem nunca será concluída. Sempre se chegará a margem e ali ficará, à beira de si mesmo.

Pense em ir a uma viagem onde não se sabe qual a temperatura, o que se terá para comer e se terá algo para beber, se terá onde repousar... A única coisa que se sabe é que irá para ficar, não se pode voltar, não há volta. ***Nós mulheres certamente levaríamos umas 3 malas tamanho família de rodinhas, umas 5 nécessaires e bolsas trançadas sobre os ombros. Roupas para todas as situações, sapatos para as diversas eventualidades e claro, comidinhas. Tudo bem, levaríamos uma casa ambulante!*** Agora pense em andar kms e kms... Perderíamos os braços.


É preciso se despir de toda parafernália, de todo contexto, de tudo que soma. Só se faz a passagem quando se está nu, quando se está a mercê.


Hoje posso entender os cultos aos deuses de ouro daquele povo no deserto, como julgar? Pois se largar, se jogar ao nada, ao vazio, traz medo, insegurança. Eles precisavam de suas muletas psicológicas, assim como nós precisamos até hoje.





Neste momento, ALGO MAIOR me motiva, me lidera para tal passagem. Sinto já ter ido algumas vezes à margem do mar vermelho, mas ele não se abriu. Falta meu povo, falta gente da minha gente para a travessia. Preciso encontra-los para que o mar abra passagem ao meu coletivo singular. Já sinto uma ponta de receio... Não poder levar minha bagagem, minha soma, meus títulos, minhas vitória, confesso... Me desestrutura! Mas maior que o meu medo é o brilha que encanta os olhos, encontrar meu Povo! Quem são as criaturas que preciso juntar, reunir, plasmar a mim? Ou eu me plasmar a eles?
Mal posso esperar para encontra-los...

O meu avô? Ah, esse já está no deserto chegando próximo do destino. Acho que ele já pode avistar as muralhas.
Tenho acompanhado sua travessia e posso testemunhar sua luta para se encontrar onde se encontra. O seu semblante sereno e sua áurea iluminada exteriorizam que o que ele vê é lindo, é DIVINO.

Todos os povos, todas as criaturas, independente do tempo, sempre hão de buscar a liberdade. A Passagem e a peregrinação é fundamental, sem ela não há essência, não há individuação, não há transformação, não há unidade com a fonte SUPREMA.

Que a Páscoa , essa data tão simbólica, com tamanha energia, circule em mim, em você, a busca pela PASSAGEM.
Que a figura de Cristo seja o nosso maior exemplo de Peregrino a ser seguido!

domingo, 6 de abril de 2014

Sequestrador

Alguns caminhos me trouxeram para algo que eu achava não precisar, ou melhor,  que eu dizia que um dia procuraria, mas o faria por amor a essa ciência linda que é estudar a alma humana.
Pois bem, esse tempo chegou e no dia 8/03 estava eu sentada de frente a uma figura que mudaria um tanto o meu caminhar, ou para onde caminhar.  Sim, estou fazendo analise! Mas repito,  procurei por isso porque quero estudar, aprofundar conhecimentos... (Como sou uma boa caçadora de ilusões... rsrsrs)
Ora, qual outro motivo eu teria para ir à busca disso?!
Me conheço, sei que sou , conheço e tenho responsabilidade sobre todos os meus defeitos, das minhas virtudes então! Sou super reflexiva, tenho tudo internamente bem organizado. Sei para onde vou, onde quero chegar, tenho meus objetivos.
Outro motivo não teria, apenas estudar.  Eu só queria ajuda técnica e especializada para resumir em poucas horas tudo o que se aprende em anos de estudo de psicologia.
Modesta eu né?!
Estou na indo para a 4º sessão, e... A casa caiu! Destelhei o meu telhado, estou no relento sem certeza alguma.
Sei lá, nem sei se deveria compartilhar algo assim, mas como o blog se chama diário de uma vida em evolução, não hesitei. Me deu uma vontadinha de escutar, ou ler um comentário camarada que só venha a confirmar: “ É assim mesmo, fica tranqüila!
 Agora, sem falsa modéstia e nem maldade, uma espécie de sentimento me deixa tranqüila, não segura e muito mesmo convicta, mas tranquila, calma, em paz.
Imagine que esses dias eu pude ser apresentada ao Seqüestrador. (Calma, não mudei o assunto, ainda estou falando de mim, da minha loucura e da minha analise) Pois então, falei com o seqüestrador. O Sequestrador não é uma figura ruim e nem má, apenas seqüestra.
Eu tinha e ainda tenho dentro de mim um personagem chamado Sequestrador. Ele me disse que só faz isso, me seqüestra de mim mesmo, porque eu não me relaciono bem comigo. Porque eu não me ouço, porque eu não me permito entender o que se passa, então ele é obrigado a seqüestrar minha consciência, e agir, tomar a frente da situação.
Loucura? Também achei num primeiro momento, mas quando fui dando voz para essa figura, pude compreender quantos de nós temos seqüestradores internos. Quer ver só?
Quando agimos mediante a um padrão social, quando seguimos cegamente linhas traçadas por conveniências, quando carregamos nossas caricaturas mediante ao mundo que habitamos, estamos sendo seqüestrados.
Eu questionei porque ele faz isso, e sabe qual foi a resposta? “Ora, não é vc que gosta de estar a frente de tudo e de todos e que gosta de deter todos os conhecimentos?! Se eu não lhe aprisionar vc não será essa imagem de força e audácia que quer estampar.
O Sequestrador é um aliado. Prende-me a margem de mim mesmo para que eu não pague mico de me expor mediante ao mundo.
Quando disse a ele que não queria mais ser refém e seqüestrada, se mostrou triste. E hoje eu entendo porque, porque ele é um pedaço de mim que me protege e já consegue mensurar que sofrerei a medida que eu realmente me deparar com a minha sublime realidade.
Que choque! Sou alguém que se permite ser seqüestrada, ser refém, porque não se conhece em profundidade. Logo eu, tão certa e convicta de tudo...
Sabe, me lembrei de Pedro, apostolo de Jesus, que disse ao nosso Mestre ainda em vida terrena que estaria pronto para ser preso e morrer com o senhor. Jesus neste episódio respondeu: “Eu digo a você, Pedro, que hoje mesmo, antes que o galo cante, vc dirá três vezes que não me conhece.”
Jesus, não era mágico e nem adivinho, apenas conhecedor profundo da psique humana, sabia que Pedro era refém de um personagem austero.
O que me alivia um pouco é saber que, agora, vou à busca de mim em passos lentos, negociando de forma amigável meu resgate.
 Aos que não desistiram do texto e chegaram até aqui informo: Como estou em negociação com o meu seqüestrador, ora ele me permitirá romper com o racional, ora seguirei sua refém seguindo os padrões. Se esse post soar a 1º opção, ficarei levemente empolgada, pois é sinônimo que a minha negociação comigo está surtindo efeitos.