quarta-feira, 19 de março de 2014

Manifestar-se...

O Poder da manifestação, talvez seja o maior de todos os poderes que Deus nos concedeu!Hoje, em quanto escuto a natureza se manifestar em um céu encoberto por nuvens escuras e carregadas e por seus reluzentes raios e trovões, me ponho a me refletir sobre esse poder...

Num dia desses em um grupo de estudo do qual faço parte , ouvi em oração palavras de agradecimento de uma senhora . Ela agradecia por ainda manter o poder de se Manisfestar. No auge dos seus 80 ela agradecia por ter a graça da manifestação.

Eu, de olhos fechados buscando conexão com o poder supremo e auxiliando na corrente de boas energias de nosso grupo fui sugada por um ponto de interrogação. Como eu nunca me atentei a algo tão profundo? Agradecer por ter a condição de se manifestar! Como eu tenho me manifestado? Eu tenho utilizado esse recurso?

Por um instante me vi num corpo adoecido, sem condições de fala... Sem poder falar onde dói, o que me irrita, o que me agonia, o que me comove, o que me ganha, o que me perde, o que me abala, o que me encanta, o que me agrada.... E voltando pro meu corpo saudável, apto para os todos os sentidos não pude deixar de pensar que estou a desperdiçar tal recurso, tal poder, tal presente...

Senti-me envergonhada por não valorizar, por não saber utilizar essa ferramenta que a minha irmã experiente zela e agradece a Deus por ainda conceber.

Buscamos tantos poderes, buscamos tantas conquistas que não conseguimos apreciar aquilo que já é nosso, que nos pertence, mas que a qualquer momento, por um capricho do destino ou por uma consequência dos anos vamos perder.

Fico a pensar ainda que esse tal poder quase sempre é utilizado para manifestar palavras rudes, reclamações, depreciações de tudo e todos. Tudo bem, é um manifesto. Mas e se tivéssemos uma contagem, uma espécie de relógio controlador de manifestações, se tivéssemos um tempo... Ex: Aos 40 vc perderá esse poder! De que forma usaríamos essa ferramenta sabendo que a mesma tem tempo e hora para acabar?

Será que ainda assim passaríamos 40 anos reclamando do governo, da sociedade, do mundo, da justiça, do sistema religioso, dos nossos pais, vizinhos, parentes, da promoção que não ganhamos, do reconhecimento que não veio, do imposto, do preço do pão e etc. Simplesmente jogando palavras ao vento.

Eu confesso, tenho tantas coisas que tenho medo de manifestar que acabo por não fazer, porém me vejo desperdiçando energias com manifestação do escalão que citei acima. Mas pensando no tal "marcador" chego a ter agonia de pensar que o tempo está passando e que poderei perder o tempo, o momento, a oportunidade...Não são reclamações, são sentimentos, emoções, desabafos.

Manifestar o que realmente sou! Não, essa Suellen que alguns conhecem não é personagem e nem tipo, mas acredite, sou muito mais "aquilo" que vcs não podem ver.

Desculpe se vou ofender, mas todos, sem exceção, somos o que não manifestamos.

E sabe, olhando pra minha irmã natureza eu reflito cá com os meus botões: Ela não deixa de ser linda, encantadora, soberana, só porque num belo dia ela decide emburrar-se e se debulhar em lágrimas pesadas, lagrimas que muitas veses em sua força faz estragos.

A Natureza não perde sua Divindade só porque sua manifestação de fúria machuca o homem...

O MAR não deixa de ser Majestoso mesmo quando manifesta-se traiçoeiro engolindo em sua profundeza vidas que deixam saudade.

A ROSA não deixa ser bela mesmo quando tira sangue das mãos que acolhe, manifestando-se em defesa.

E mesmo com esses exemplos e consolo eu ainda tenho receio de me deparar com a minha fúria, com a minha defesa, com a minha destruição, ainda tenho medo de exteriorizar aquilo que já se manifesta no recôndito do meu EU.

Ahhhh, depois daquele dia e daquela oração, eu peço... Peço a Deus que eu tenha coragem de manifestar-me, peço a Deus que eu tenha sabedoria de fazer, peço ao meu Pai que seja paciente comigo e faça o meu "contador" ser longo... rsrs

Peço a Deus que o meu poder de manifestação não seja superfulo e mundano, nem rebelde, que seja profundo, que seja intenso, pode até ser feio mas que não perca a Divindade que habita em mim.

E neste momento... os meus sentidos observam o exteriorizar do universo numa sinfonia de sons, imagens e sentir...

(Bombinhas, 10 de março de 2014)